25
DE JULHO
DIA
DO ESCRITOR
"Os
governos suspeitam da literatura
porque é uma força que lhes
escapa".
(Émile Zola)
Do
Latim: 'literratura', é a arte de compor escritos artísticos;
o exercício da eloqüência e da poesia; conjunto de produções
literárias de um país ou de uma época; carreira das
letras. Mais
produtivo do que tentar definir Literatura seja, talvez, encontrar um
caminho para decidir o que torna um texto, em sentido lato, literário.
A definição de literatura está comumente associada
à idéia de estética, ou melhor, da ocorrência
de algum procedimento estético. Um texto será literário,
portanto, quando conseguir produzir um efeito estético, ou seja,
quando proporcionar uma sensação de prazer e emoção
no receptor. A própria natureza do caráter estético,
contudo, reconduz à dificuldade de elaborar alguma definição
verdadeiramente estável para o texto literário. Para simplificar,
podemos exemplificar através de uma comparação
por oposição. Vamos opor o texto científico ao
texto artístico: o texto científico emprega as palavras
sem preocupação com a beleza, o efeito emocional, mas,
pelo contrário, essa será a preocupação
maior do artista. É óbvio que também o escritor
busca instruir, procura repassar ao leitor uma determinada idéia;
só que, diferentemente do texto científico, o texto literário
une essa necessidade de incluir a necessidade estética que toda
obra de arte exige. O texto científico emprega as palavras no
seu sentido dicionarizado, denotativamente, enquanto o texto artístico
busca empregar as palavras com liberdade, preferindo o seu sentido conotativo,
figurado. Então concluindo, o texto literário é
aquele que pretende emocionar e que, para isso, emprega a língua
com liberdade e beleza, utilizando-se do sentido conotativo ou metafórico
das palavras.
A
compreensão do fenômeno literário tende a ser marcada
por alguns sentidos, alguns marcados de forma mais enfática na
história da cultura ocidental, outros diluídos entre os
diversos usos que o termo assume nos circuitos de cada sistema literário
particular.
Detalhe
de alguns livros raros da biblioteca do Merton College, no Reino UnidoAssim,
por exemplo, encontramos uma concepção "clássica",
surgida durante o Iluminismo (que podemos chamar de "definição
moderna clássica", que organiza e estabelece as bases de
periodização usadas na estruturação do cânone
ocidental); uma definição "romântica"
(na qual a presença de uma intenção estética
do próprio autor torna-se decisiva para essa caracterização);
e, finalmente, uma "concepção crítica"
(na qual as definições estáveis tornam-se passíveis
de confronto, e a partir da qual se buscam modelos teóricos capazes
de localizar o fenômeno literário e, apenas nesse movimento,
"defini-lo"). Deixar a cargo do leitor individual a definição
implica uma boa dose de subjetivismo (postura identificada com a matriz
romântica do conceito de "Literatura"); a menos que
se queira ir às raias do solipsismo, encontrar-se-á alguma
necessidade para um diálogo quanto a esta questão. Isto
pode, entretanto, levar ao extremo oposto, de considerar como literatura
apenas aquilo que é entendido como tal por toda a sociedade ou
por parte dela, tida como autorizada à definição.
Esta posição não só sufocaria a renovação
na arte literária, como também limitaria excessivamente
o corpus já reconhecido.
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