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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

RESENHA: A Escola e o Conhecimento: Fundamentos Epistemológico e Políticos.

É impossível não ler Mario Sergio Cortella, sem passar pela temática da escola Nova, ao escrever o seu livro “A Escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos”, Cortella de forma prática e muito clara sempre embasada nos estudos e ensinamentos do grande pedagogo e educador Paulo Freire, coloca a Escola como um grande centro de pesquisa.

Mario Sergio Cortella traz uma análise concernente ao conhecimento que é produzido no interior da escola, seu livro é composto por cinco partes muito importantes para a compreensão da sua obra no todo, no primeiro capítulo traz como tema: Humanidade, cultura e conhecimento; no segundo: Conhecimento e verdade: a matriz da noção de descoberta; no terceiro: A escola e a construção do Conhecimento; no quarto: Conhecimento escolar: epistemologia e política e por fim ele conclui a sua obra com um quinto capítulo: Conhecimento, ética e ecologia.

Ao iniciar a análise desta obra, achei por bem iniciar o texto chamando para este diálogo o grande escritor Dermeval Saviane que na sua obra “Escola e Democracia” nos trás um grande discurso sobre como deveria ser uma escola democrática e autônoma, conforme podemos verificar nas suas palavras.

“A pedagogia nova começa, pois, por efetuar a crítica da pedagogia tradicional, esboçando uma nova maneira de interpretar a educação e ensaiando implantá-la, primeiro através de experiências restritas; depois, advogando sua generalização no âmbito dos sistemas escolares.” (SAVIANI, 2002, p. 7)

Perceba que Saviani coloca que a pedagogia nova tem esta característica de interpretar a educação através da experiência pessoal e principalmente dentro do ambiente escolar.

É perceber que o professor não é somente um mero transmissor do conhecimento, mas antes de tudo, ele é o mediador, será aquele que mostrará ao seu publico alvo como este conhecimento é construído, é poder trabalhar este ser humano que está em seu interior com cultura e conhecimento.

O autor coloca que existe uma luta constante através do tempo para conceituar o que significa ser humano, nos arremetendo aos conceitos filosóficos mais clássicos, como os de Aristóteles, Platão e ate os contemporâneos, como é o caso do escrito Fernando Pessoa, todos com seus conceitos.

 Cortella deixa bem claro que todo profissional que trabalha com a educação, antes de tudo, ele trabalho com uma ferramenta chamada conhecimento, que será o objeto principal de nossas atividades. Portanto, não podemos olhar para este objeto apenas com um olhar cientifico. E como diferenciar esta visão? Observando o conhecimento que é produzido no dia-a-dia no interior da escola.

Observe o que nos diz Cortella “Por isso, e para que possamos pensar o tema do conhecimento e, a partir dele, produzir uma reflexão que nos ofereça mais fundamentos para nossas práticas pedagógicas” (2009, p. 23), é pela prática do conhecimento que proporcionará aos profissionais da educação seus valores. 

Cortella tem o cuidado de conceituar de forma muito clara o que é, de onde vem, e como chegar ao conhecimento, que é uma ferramenta de suma importância para o educador, e traça um acompanhamento histórico e filosófico para tal finalidade, passando por filósofos importantes como Sócrates e Platão.

Quando Cortella coloca que a Escola é o local do conhecimento, subentende que ele está querendo nos deixar bem claro que a experiência vivida por cada educador acontece no campo prática vivenciada, no seu livro Pedagogia da autonomia de Paulo Freire coloca que não pode existir docente sem discente, ou seja, todo professor sempre será um eterno aluno.

Ao analisar o conhecimento como algo acabado, pronto e massificado é um perigo muito grande para o profissional da educação, é justamente dentro deste contexto que entra a proposta da escola nova, de colocar o professor não apenas como um mero transmissor do conhecimento para os seus alunos, mas como um mediador que não apenas leve o conhecimento, mas que indique quais os caminhos para se alcançar este conhecimento. Podemos verificar este posicionamento nas palavras de Cortella (2009, p. 95):

Não há conhecimento que possa ser apreendido e recriado se não se mexer, inicialmente, nas preocupações que as pessoas detêm; é um contra-senso supor que se possa ensinar crianças e jovens, principalmente, sem partir das preocupações que eles têm, pois, do contrário, só se conseguirá que decorem (constrangidos e sem interesse) os conhecimentos que deveriam ser apropriados (tornados próprios).

É importante observar que o espaço da escola é um local de aprendizagem em constantes transformações sociais, e o professor tem que ter os olhos abertos sem cercas para observar este ambiente que se chama escola.

Lembrando que as idéias sociológicas provocaram grandes alterações nas concepções pedagógicas, principalmente do ponto de vista epistemológico, que rejeitam os pressupostos idealistas, em contrapartida vemos os materialistas tradicionais contrapõem à dialética. (ARANHA, 2006).

Para finalizar a sua obra, Cortella traça um paralelo muito interessante acerca da ética dentro do processo da construção do conhecimento, quando falamos em ética logo nos vem à mente um sistema de regras do que podemos e não podemos fazer sobre as nossas escolhas.

É importante que a busca pelo conhecimento compartilhado venha ser trabalhado de forma ética, para que o profissional forme alunos integro comprometido com a pesquisa de forma verdadeiro sem máscaras e sem fingimentos.

Portanto, esta obra de Mario Sergio Cortella e sua tese do conhecimento é uma contribuição importantíssima no campo social, filosófico, político, cultural e intelectual tomando a escola como lugar de clímax, transporte e um importante veículo para disseminação de novo conceito de fazer educação. E, finalizo repetindo as palavras de Dermeval Saviani, eu acredito no poder da escola e em sua função de equalização social.
  


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia: Geral e Brasil. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006.

CORTELLA, Mario Sergio. A Escola e o Conhecimento. 13. ed. São Paulo: Cortez, 2009.

ROCHA, Ruth. Minidicionário. São Paulo: Scipione, 1996.

SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. 35. ed. Campinas: Autores Associados, 2002.

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