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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

USP desenvolve bisturi que rompe tecidos sem cortá-los


 
 
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Como não há cortes, o método é menos invasivo, o que resulta em uma recuperação mais rápida. Foto: Christopher Furlong/Getty Images
Como não há cortes, o método é menos invasivo, o que resulta em uma recuperação mais rápida
Foto: Christopher Furlong/Getty Images

O invento de autoria de pesquisadores da USP promete tornar mais simples a realização de cirurgias. O grupo projetou um bisturi que realiza a abertura de tecidos sem cortá-los. O instrumento ultrassônico está sendo desenvolvido por uma equipe do Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (SP), sob orientação do professor Vanderlei Bagnato.

A ausência de cortes torna o método menos invasivo, pois a recuperação é mais rápida, o que resulta em menos cicatrizes. Além disso, é menor a possibilidade de haver complicações pós-operatórias, como hemorragias e infecções. De acordo com o pesquisador, esse modelo de bisturi é tão preciso quanto os tradicionais e é mais indicado para cirurgias que exigem pequenas incisões, como laparoscopias, procedimentos de introdução de um mecanismo de fibra óptica em regiões como o abdômen.

Enquanto os bisturis tradicionais fazem cortes nos tecidos, o invento da USP rompe temporariamente as ligações celulares. Para realizar a abertura da superfície, a parte inferior do instrumento vibra em frequência ultrassônica, um procedimento invisível ao olho nu. Feita de titânio, a ponta se movimenta constantemente, gerando calor e resultando no rompimento das ligações das proteínas que compõem os tecidos.

Para que atinja uma frequência ultrassônica, o bisturi é composto por transdutores que convertem energia elétrica em mecânica. Feita de um material cristalino denominado piezoelétrico, a tecnologia se deforma e produz som ao receber um impulso elétrico. Ao passar por um conversor, essa potência acústica é amplificada e gera uma vibração longitudinal na haste do bisturi.

Empresas têm interesse em fabricar o bisturi
Atualmente, esses tipos de instrumentos não são produzidos comercialmente no Brasil. Segundo Bagnato, a utilização ainda fica restrita devido ao preço elevado dos produtos importados, que custam cerca de US$ 20 mil. No entanto, para ele, o início da fabricação nacional pode reduzir esse valor em até 30%.

Financiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o projeto iniciou no primeiro semestre de 2012 e tem ainda mais três anos de desenvolvimento. De acordo com o professor, a fabricante de produtos hospitalares WEM, que colabora com a pesquisa, já confirmou que pretende comercializar o instrumento. No entanto, ainda não há previsão de um lançamento, pois o modelo construído é apenas um protótipo. Há ainda outras empresas interessadas.

Segundo o pesquisador, a partir desse modelo é possível desenvolver bisturis com outras características. Uma das possibilidades que mais interessa ao grupo é a criação de um instrumento para o manuseio odontológico

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